16 de julho de 2008

A espera


Céu negro, dia chuvoso, e o esplendor do outono assombram sua espera. Aquela espera ridícula pelo impossível.
Sentada ali, naquele banco antigo da praça com suas partes em madeiras sendo devoradas por cupins e seus detalhes rústicos em ferro sendo corroídos de ferrugem, ela esperou, ou talvez, ela o esperou.
Ficou cerca de horas, esperando pelo talvez último sorriso, último olhar... Ultimo buquê de rosas brancas que ele costumava dar-lhe, mas o máximo que sentiu foi uma simples folha seca cair em seus ombros com a delicadeza de uma pluma, porém ao pegá-la na mão despedaçou-se e isso a fez lembrar o estado de espírito em que se encontrava. Mas ela não desistira tão fácil por algo que queria tanto de volta, uma última vez.
Pegou seu livro de poesia, já mofo de guardado, abriu-o em uma página qualquer só para quem passasse e a visse não sentisse pena e olhando em seus olhos não percebe-se a falta que tinha de uma companhia. E começou a ler, e algo a mandava mudar de página quando virou e o título da seguinte poesia era “A espera”, perplexa começou a ler sem muita empolgação, até chegar a ler a frase, “então o garoto triste e desconsolado foi-se sem deixar vestígios, sem deixar lágrimas ou tristezas e preocupações baratas...”.
Após ter lido isso ela fechou o livro, não queria ver, e muito menos ler nada que a identificasse na mera semelhança do acaso.
O vento soprava, as folhas caiam... As flores não tinham mais a mesma intensidade em suas cores belas e ofuscantes, e nada tinha aquela magia e aquele brilho intenso do simples e mero verão, isso acontecia todos os anos, é claro, mas ela percebera isso naquele instante, naquelas longas horas esperando o que sempre teve todos os anos, mas agora ela sabia que seria diferente. Seria diferente olhar para fora de sua janela em tons de verniz e vendo elas clarearem pouco à pouco com os pequenos e quase invisíveis flocos de neve, e não ter com quem comentar. Não ter com quem reclamar de todo aquele frio, e principalmente o que veio a sua cabeça naquele instante foi que ela era injusta não cedendo ao pedido de abraço que ele sempre pedia a ela.
Era um dia ruim. Era um dia em que nada dava certo, e ela estava morrendo na sua conclusão de que a culpada de tudo era a própria.
Naquele momento largou seu livro o qual ainda estava em seu colo, deixou em cima daquele banco velho e rústico, mas antes disso colocou um marcador na página da poesia “A espera” e com uma letra trêmula escreveu atrás, “aproveite as coisas mais simples que tem na vida, pois quando elas se forem sobrará somente a espera.”
Com esse mesmo ar de tristeza e culpa que chegou, ela se foi deixando somente suas angustias no seu velho livro, em cima daquele velho banco no qual ficarão para o resto da vida suas velhas lembranças e seus outonos mal aproveitados.

2 comentários:

Unknown disse...

Não preciso nem dizer que até nisso tu é perfeita né amor
lindo de mais tudo isso
assim que nem voce
Beijos amor ♥

Andryo Dias disse...

Ai quanta tristeza aqui, Mah! ;(